FAQ do coronavírus para salões e clínicas – O que você precisa saber?
Equipes de estabelecimentos de beleza e estética são um grupo de trabalhadores com maior risco de exposição a inúmeras doenças contagiosas. Não há como evitar, se você trabalha no setor de serviços de beleza e estética (profissionais de salões, barbearias, esmalterias, clínicas e centros de estética, estúdios de maquiagem, fisioterapias, estúdios de tatuagem e profissionais autônomos da área) e, portanto, entra em contato próximo com dezenas de pessoas todos os dias, mais cedo ou mais tarde você será afetado por alguma doença contagiosa, isso é ainda mais provável no caso de doenças altamente contagiosa como a COVID-19 transmitida pelo coronavírus.
Já estabelecemos que, ao introduzir as políticas corretas em seu salão, você pode minimizar o risco de clientes doentes chegarem ao seu salão, estabelecendo uma política rigida de cancelamentos de consultas de clientes com suspeita de coronavírus e enviando uma mensagem de texto para todos seus clientes com essa importante informação. Hoje, vamos conversar sobre seus direitos e responsabilidades em relação à segurança de seus funcionários e, consequentemente, de seus clientes e suas famílias, já que o momento é de combate a um vírus altamente contagioso. Portanto,que procedimentos você deve seguir em seu salão? Você deve aplicar o auto-isolamento se suspeitar que um dos membros da sua equipe está infectado? Você pode pedir a um funcionário que está em uma área de alto risco que se coloque em quarentena? A que pagamento eles têm direito? Vamos responder a todas essas perguntas frequentes.
Como atualmente estamos enfrentando um surto de um coronavírus recém-descoberto que pode causar a doença contagiosa denominada COVID-19, há muita incerteza em torno do tópico dos procedimentos que você deve seguir. Como a situação pode mudar rapidamente, siga as medidas impostas pelas Secretarias da Saúde e a Vigilância Sanitária de seu município ou estado, que são as fontes de informações mais relevante.
P: Eu e meus funcionários devemos usar máscaras?
R: Não, a menos que um de alguém apresente sintomas como tosse e espirros ou tenha estado em contato com alguém com estes sintomas.
Quando uma temporada de gripe atinge seu pico, você pode ver pessoas usando máscaras (ou pelo menos um lencinho na mão), principalmente em transporte público ou em locais de grandes reuniões, como shopping centers. Algumas clínicas médicas até incentivam os visitantes a fazê-lo. No entanto, é muito importante entender que as máscaras devem ser usadas por pessoas que apresentam sintomas. Elas ajudam a minimizar a propagação de partículas, o que é particularmente importante em áreas visitadas ou habitadas por pessoas com sistemas imunológicos mais fracos, como hospitais ou centros de saúde.
Além disso, máscaras mal manuseadas podem realmente fazer mais mal do que bem. Ao usá-las, ficamos mais despreocupadas, acreditando que a máscara “nos cobre” (literalmente). No entanto, não é o caso – em primeiro lugar, as máscaras não são capazes de filtrar completamente todas as doenças. As máscaras cirúrgicas não podem impedir que vírus transportados pelo ar entrem em seu corpo e não foram projetadas para proteger os usuários contra germes, mas as feridas abertas dos pacientes nas mesas de operação, além disso elas não se encaixam perfeitamente em nossos rostos. Em segundo lugar, elas devem ser substituídas com muita frequência, pois rapidamente se tornam potencialmente contaminados, por exemplo, se um cliente infectado, porém, assintomático está falando com você e uma gotinha de saliva voa em sua máscara, esta já estará infectada e você com mais riscos de se contaminar caso não a tire. Em terceiro lugar, elas devem ser removidas e descartadas com muito cuidado.
É por isso que, independentemente de você estar preocupado com a gripe comum ou o coronavírus (COVID-19), você deve usar a máscara apenas se:
- Você está cuidando de uma pessoa com uma suspeita de doença contagiosa.
- Você está experimentando sintomas da doença (tosse, espirro, até mesmo febre) e precisa estar perto de outras pessoas, então você está fazendo um favor a todos, minimizando a propagação (o ideal seria ficar em casa e não ir trabalhar).
Lembre-se que, dependendo do tipo de serviço que você oferece, como manicures (que estão em constante contato com pó de unha) e maquiadores ou esteticistas (que ficam muito próximos a face de seus clientes), você deve usar máscara e até óculos de proteção de qualquer forma, independente de ser um momento de uma epidemia, por motivos de higiene e saúde.
Caso você escolha usar máscaras em toda sua equipe, saiba que é por sua conta e risco, pois não é a recomendação. Ao fazê-lo, fique muito atento para que elas sejam descartáveis, substituídas com frequência (a cada cliente seria melhor) e descartadas da forma correta.
R: Divulgue a informações verdadeiras com consciência, estabeleça procedimentos claros e forneça produtos de higiene e limpeza adequados.
Seus funcionários devem estar cientes do risco, entender por que e como isso ocorre e conhecer as formas possíveis de reduzir a propagação do coronavírus e, consequentemente, seu impacto. Quando a temporada de gripe se aproxima, e como na atual crise da COVID-19, é uma boa ideia marcar uma reunião curta com a equipe e conversar sobre claramente o assunto. Informe seus funcionários sobre:
- Os sintomas e as diferenças nos sintomas entre um resfriado, uma gripe comum e a COVID-19.
- Como o vírus se espalha e como evitar a propagação do mesmo.
- A importância da etiqueta respiratória (cobrir o rosto ao tossir e espirrar, maneiras adequadas de guardar os resíduos) e higiene das mãos (lavá-las de forma correta, com frequência, e utilizar álcool em gel).
- A necessidade de limpeza e higienização de ferramentas e áreas de trabalho (limpeza de todos os utensílios, ferramentas e móveis com álcool de limpeza e o chão com solução de água sanitária).
Você também pode incentivá-los a:
- Cuidar do seu sistema imunológico se alimentando bem e fazendo atividades físicas em ambientes abertos e sem contato direto com outras pessoas.
- Tomar uma vacina contra a gripe.
Se a situação for mais grave, como no caso do atual surto de coronavírus (COVID-19), fazer uma reunião informativa será ainda mais importante, pois há muita desinformação e fake news sobre o assunto sendo transmitidas. Certifique-se de obter as informações relevantes e confirmadas de fontes confiáveis, como as Secretarias da Saúde e a Vigilância Sanitária de seu município ou estado ou sérios veículos de notícias – não confie em tudo o que você lê no WhatsApp e não seja aquele “tiozão do Zapp” que sai compartilhando notícias sem fontes sérias e confirmadas sobre um assunto tão importante quanto esse. É uma boa ideia também exibir pôsteres promovendo a higiene respiratória e formas adequadas de lavar as mãos nas paredes de seu salão, você pode conseguir tais materiais junto a sua autoridade local.
Estabelecer procedimentos claros
Seus funcionários precisam ter certeza do que fazer em diferentes cenários. É melhor preparar um procedimento claro que seus funcionários possam seguir se suspeitarem estar infectados. No setor de beleza e estética, a súbita ausência de qualquer um de seus funcionários implica a necessidade de reorganizar uma agenda inteira, é por isso que os funcionários que tiram licença médica são um assunto difícil.
No entanto, você precisa entender que as consequências de forçar um funcionário a trabalhar quando está doente (ou neste caso, com suspeita de COVID-19) podem ser aterrorizantes. Esses funcionários podem não apenas infectar outros membros da equipe, desorganizando sua agenda por completo, mas também espalhar a doença para os clientes, e isso é algo que você definitivamente não deseja experimentar. Além disso, lembre-se que o funcionário tem o direito legal de ausentar-se do trabalho por motivos de saúde comprovados e, agora com o coronavírus, caso o funcionário esteja em quarentena forçada ele pode ser preso caso a desrespeite.
No geral, é melhor estabelecer procedimentos que abordem:
- Quando um funcionário deve tirar um dia de folga devido a uma doença.
- O que fazer se a doença se desenvolver ainda mais.
- Como relatar a ausência, incluindo com quem entrar em contato e quando.
- Quando o funcionário deve voltar ao trabalho.
- Como e quando manter contato com este funcionário afastado.
- Como o empregador pode acompanhar a ausência e a situação do funcionário.
Se a situação for mais grave, como o atual surto de coronavírus (COVID-19), é melhor seguir as diretrizes para empregadores e empresas fornecidas pelo governo brasileiro, portanto, fique atento às notícias e siga à legislação vigente e qualquer nova portaria que seja criada.
Providencie os produtos de higiene e limpeza adequados
Certifique-se de providenciar a seus funcionários um sólido kit de materiais de higiene recomendados para a higiene pessoal e materiais de limpeza para manter o ambiente desinfetado e para evitar a infecção por coronavírus em sua equipe e clientes, como:
- Sabão (de preferência antibacteriano para proteger de outras doenças também).
- Álcool em gel 70º INPM.
- Lenços umedecidos com álcool 70º INPM.
- Tecidos antibacterianos.
- Toalhas individuais.
- Toalhas de papel (sim, não é o melhor para o ambiente, mas a situação de emergência as exige).
- Máscaras faciais (apenas para casos especiais – veja o primeiro ponto).
- Luvas de silicone (para uso individual e descartada a cada tratamento).
- Óculos de proteção.
- Álcool comum (46º INPM) de limpeza (para as superfícies, utensílios, ferramentas, móveis e aparelhos eletrônicos).
- Água sanitária (para limpeza do chão e banheiros).
Além disso, certifique-se de que todos os funcionários tenham acesso a locais onde possam lavar as mãos com água e sabão – caso contrário, garanta que eles tenham desinfetantes que não exijam o uso de água.
P: O que fazer se um dos meus funcionários ficar indisposto no trabalho?
A: Depende das circunstâncias.
O resfriado e a gripe comuns começam com sintomas semelhantes, embora a gripe geralmente se desenvolva mais rapidamente e possa se tornar muito mais grave (lembre-se que organismos diferentes passam por doenças causadas pelos mesmos germes de maneira diferente, seu resfriado leve pode ser super perigoso para alguém com um sistema imunológico fraco, da mesma forma que a COVID-19 pode ser assintomática para você que é um jovem cabeleireiro de 30 anos e fatal para uma de suas clientes mais fiéis que tem 70 anos). Se o funcionário tiver com algum sintoma como coriza ou nariz entupido, tosse leve e espirros, mas se sentir bem o suficiente para passar o dia, é possível que seja uma gripe ou resfriado, então instrua-o a usar uma máscara facial, ter muito cuidado com a higiene e observar como os sintomas se desenvolvem ainda mais. No entanto, caso haja mais sintomas, principalmente febre e dificuldade de respirar, há uma maior suspeita do caso tratar-se de uma infecção por coronavírus (COVID-19) e seu funcionário deve ser instruído a procurar uma unidade de saúde e seguir os procedimentos recomendados pelo médico.
Em circunstâncias mais específicas, como o atual surto de COVID-19, você precisa ser mais cauteloso. Se alguém se sentir mal no local de trabalho (com os sintomas acima, principalmente febre e dificuldade respiratória) e tiver um histórico de viagens aos países e/ou cidades no Brasil que são áreas de risco (ou contato próximo com alguém que esteve em um desses locais ou que apresenta sintomas da COVID-19), deve-se:
- Mover o funcionário, o quanto antes, para uma área a pelo menos dois metros de outras pessoas (se possível, uma sala atrás de portas fechadas, onde uma janela possa ser aberta para fornecer ventilação) e evitar contato com as demais pessoas em seu estabelecimento.
- Instruir o funcionário a procurar uma unidade de saúde, explicar os sintomas, bem como de que país/cidade eles retornaram ou com quem suspeito tiveram contato e quanto tempo se passou desde então.
- Instruir o funcionário a esperar isoladamente, em quarentena, até ter o resultado de seus testes laboratoriais (caso estes sejam feitos) para saber se pode voltar ao trabalho.
- Informar os clientes com horários agendados com este funcionário sobre um possível cancelamento de suas consultas ou mudança de horário ou profissional que realizará o serviço.
A: Sim, você pode, mas você tem certas responsabilidades.
Quando se trata do atual surto de COVID-19, a situação é muito dinâmica. Por enquanto, o Ministério da Saúde fornece conselhos específicos para viajantes que retornam ao Brasil de países ou áreas de risco e é melhor manter-se atualizado com suas orientações. O conselho inclui ficar em casa, em quarentena, e evitar o contato com outras pessoas por quaatorze dias – portanto, os funcionários que retornam dessas áreas de risco devem ser solicitados a permanecer em casa, no entanto, até o momento, essa é uma recomendação e não uma imposição. No entanto, o caso do COVID-19 segue, até então, a mesma regulamentação de afastamento e auxílio doença por qualquer doença. Assim, caso você não queira que um funcionário vá trabalhar por suspeita de coronavírus, recomenda-se que você instrua seu funcionário a ir a uma unidade de saúde para conversar com um médico, avaliar sua situação e conseguir um atestado médico para isolamento se for o caso. Seguem-se, assim, a atual legislação trabalhista em que o empregador arca com o pagamento do dia em que o funcionário foi ao médico (considerada falta abonada) e salário do funcionário afastado pelos primeiros quinze dias de afastamento, enquanto o Governo Federal, por meio do INSS, é responsável pelo pagamento do auxílio doença durante o período restante do afastamento. De qualquer forma, fiquem atentos diariamente às notícias pois o governo deve tomar medidas para lidar com essas situações devido ao potencial impacto do coronavírus na economia brasileira.
P: O que devo fazer se houver suspeita ou confirmação de infecção de um dos meus funcionários com a COVID-19?
R: Existem procedimentos a serem seguidos, mas não será necessário um fechamento total dos negócios.
Para casos suspeitos que aguardam os resultados do teste, não são necessárias restrições ou medidas de controle no local de trabalho. Enquanto a pessoa em questão permanece no hospital ou em isolamento em casa, sua empresa pode funcionar como sempre, você não precisa enviar outros membros da equipe para casa ou fechar o salão – mas recomende, neste caso, o uso de máscara pois é possível que mais de seus funcionários tenha o coronavírus ainda em fase de incubação. Lembre-se de, no entanto, não se alarmar pois a maioria dos casos possíveis acaba sendo negativa.
Se o caso de coronavírus for confirmado, você ou outro membro da equipe de gerenciamento tem o dever de discutir o caso, identificar as pessoas que entraram em contato com o funcionário em questão e fornecer todos os conselhos necessários a essas pessoas, incluindo seus clientes. Na grande maioria dos casos, caso você já esteja tomando as medidas que recomendamos aqui, o fechamento do local de trabalho não será recomendado. Mas, mais uma vez, lembre-se de se familiarizar com as orientações e regulamentações fornecidas pelo governo e pelas autoridades do Brasil ou de seu estado/município.
Sua responsabilidade como empregador é garantir a segurança e a saúde de seus funcionários e, consequentemente, evitar que seu estabelecimento seja uma área de risco para seus clientes. Você deve fazer isso introduzindo procedimentos que não se apliquem apenas ao desempenho diário do seu salão, mas também abranjam situações extraordinárias, como momentos de crises epidemiológicas – a exemplo do coronavírus/COVID-19. Lembre-se de sempre priorizar a saúde de seus funcionários e clientes acima de todas as outras medidas, você trabalha prestando serviços de cuidado humano e, em momentos como este, é necessário ter o cuidado a saúde de todos acima de tudo.